Um
universo de paisagens e recordações que marcaram um tempo. Uma vida plena de
liberdade. As ruas, os partidos de cana, os rios, as mangueiras e as estradas
que formavam o palco onde todas as crianças eram os atores. Cada um encenava
sua própria história, sonhava seus próprios sonhos.
Época
de pais duros e de disciplina rígida. Mas, ainda que ostentassem a chibata como
forma de disciplina, sabiam abençoar com carinho. Cada pai era pai não só de
seu filho, mas de todas as crianças da rua onde moravam. Cada criança brincava
segura sabendo que um pai estava de olho. Os pais não castravam a liberdade e
nem ficavam apavorados com a molecada nas ruas até tarde da noite. Ainda havia
inocência nas crianças e nos adultos.
As ruas não tinham asfalto nem calçamento.
Pertenciam aos moleques e suas molecadas. Rolavam bolas, ximbras e piões. Nas
ladeiras não haviam escadarias, deslizavam os carros-de-ladeira e patinetes de
madeira e rolimãs. Nas casas não havia muros altos, porém, cercas de papoulas e
flores coloridas. Esconderijos nas brincadeiras de bang-bang e esconde-esconde.
Garrafão, bola-ou-buraco, rouba-bandeira, eram tantas as diversões que me fogem
da memória.
Procurei
dar o maior realismo possível aos acontecimentos, num tom agradável e poético,
não alongando demais, para que não se torne uma leitura cansativa. Espero que
esta visão de Palmares possa levar, além de entretenimento, reflexão e
lembranças aos leitores. Que produza em cada um, o sentimento de preservação e
o amor as coisas que fizeram o nosso passado, que, por menores que tenham sido,
tomaram parte na metamorfose do tempo, que deu forma ao mundo em que hoje
vivemos.
Nossa
Palmares é história e poesia. Nosso mundo não precisa ficar pior.
No link abaixo você pode baixar e compartilhar com
quem desejar, este livro completo. Solicito apenas que não modifique o texto
original e mantenha a autoria. Deus o abençoe!